Após ter ido dormir as 3h da manhã, o celular desperta as 5:20h do dia 28.05.2009. Levanto, vou ao toilet (isso sempre acontece em situações do tipo), bebo meio copo de água e já me dá um embrulho no estômago. Chamo pai e madrasta e 'lá vamos nós', tomar o avião C130 Hercules da Força Aérea Brasileira, que além de cargas, transporta passageiros 'duros', como eu, e que sairia da Base Aérea de Belém com destino ao Rio de Janeiro.
Com a consciência pesada, pois no canhoto que a FAB me cedeu dizia que só 15kg eram permitos, assim já com a bagagem de mão, sai de casa desesperada e já imaginando que iria ter que abrir a mala e tirar coisas dela. No carro, eu estava em frangalhos. Pegamos minha amiga Giselle para poder dar um último ciao de consolo.
Lá no embarque o oficial informa que só 20 passageiros poderiam embarcar e que ele iria tentar abrir mais vagas, haja visto que havia muita carga para ser transportada. Repensando meu desespero durante a semana, de ter ou nao confirmação do voo, de ter vaga e prevendo a possibilidade de voltar no carro para casa aos prantos, me encostei na parede e tive uma séria conversa com Deus. Prometi coisas, implorei, pedi e lagrimei. Imaginando que nem tudo estava perdido pois meu número na lista era 74 e haviam outras pessoas depois de mim, relaxei. Porém não pisquei os olhos. Quando ouvi meu nome, dei um pulo... corri, peguei a mala rosa e botei junto com a mochila p pesar. O oficial pergunta pro soldado: "quanto deu o peso"? Eu quase infartei! "34kg Senhor", e a Senhora quanto pesa, ele me perguntou... só 55kg respondi com a boca seca. "Pegue seu cartão, pode esperar pra embarcar". Quase desmaiei, corri em direção a Lívia e Giselle e sori como a muito eu não sorria! A felicidade estava ali, comigo!
Me despedi de meu pai, lágrimas esquádilas, e abraços nas meninas. Indicações, cuidado com tudo e todos. O piloto veio e informou que iríamos fazer uma breve parada em Brasília, mas que se houvesse algum problema eles não poderiam nos dar nenhum suporte! Hum, só sei que no final, embarquei com um papel com quatro contatos para pedir ajuda, entre tios e irmão da Gi e mãe da Lívia. Estava segura!
8:35h - Caminhei em direção ao Hercules, vi meu pai no estacionamento (que desde 6h ficou no carro pois estava de bermuda e não podia descer), e me despedi de Belém, olhando para o céu.
De minhã mãe eu havia me despedido ontem de noite, por volta de 00h. Abracei, respirei fundo tentando manter entranhado seu cheiro maternal nas minhas narinas. Segunda vez que parto, disse a ela. Já havia ido pra mais longe, e o Rio não me amedrontava. D. Vânia tenra, me disse vai com Deus, tome cuidado e não confie em quase ninguém, seja feliz! Eu vivi o que você busca e agora é sua vez! Desejei parabéns, pois ela completava 51 anos de idade e sai, uns 3 km depois me encontrava aos prantos, com o peito apertado, mas o cheiro de minha mãe ainda vivo!
Passei com minha irmã (que estava na casa de uma amiga), disse tchau e dei vários no meu Rei Arthur, que dormia como todo neném de 5 meses. É triste partir! A chegada é alegre, mas a partida é melancólica. Em sua história, a FAB operou 29 aeronaves C-130. Destas, estão operacionais 23. São missões do C-130 na FAB: transporte de carga, transporte de tropas, apoio ao Programa Antartico Brasileiro, lançamento de pára-quedistas, reabastecimento em vôo e busca e salvamento.
Voltando ao avião, quando entrei no bichão, égua... estava na guerra! Acentos vermelhos se destavam á primeira vista. Carga e o cheiro de história estavam ali, bem na minha frente. Sentei e vislumbrei as cenas dos inúmeros filmes que vi onde as pessoas saltavam de paraquedas ou lançavam mantimentos por estes mesmos aviões.Um pouco acanhada fiz amizade com Nair, a mãe do genesis. Ele é fuzileiro naval em Belém e ela foi dar uma força ao rapaz de 19 anos que esta degustando a liberdade de morar longe de casa. Depois me enturmei com os tenentes, pessoas simpatissíssimas, alegres, discretos e super amigáveis. Descobri que o nome do esquadrão era 1º/1º GT - Esquadrão do Gordo. Aí estava o motivo de no embraque, ter comentado com as meninas de só ter visto militar gordinho e barrigudo. Até foto com o medalhão do Gordo rolou.
E por aí conversamos, perguntei coisas sobre a aeronava, sobre as missões do C130 e descobri que a FAB apóia o PROANTAR por meio de sete vôos anuais com aeronaves C-130 Hercules que transportam equipamentos, material e pessoal, tanto no verão como no inverno. Legal!!!
Tirando um cochilo, o SO me chama. Pergunta se quero subir à cabine e respondo com um sorrisão. Lá em cima, 8 homens trabalhavam, pilotavam, conversavam, riam e respondiam simpaticamente às minhas perguntas de menina. O major, tão novo que quase não acreditei que era Major, perguntou se eu queria ver o pouso? Macaco quer banana?
Queria imensamente agradecer a todos, pelo melhor voo de minha vida, no C 130 Hércules da FAB, a eles o meu muito obrigada :)
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Magreliha, muito legal seu blog parabens .... ve se escreve mais, pois a leitura é bem divertida !!! :)
ResponderExcluirLembrei dos velhos tempos que viajava de Hercules :) ....
Abraços !!!
Pacoval