Vou personificar e me dar de exemplo. Faz um tempinho estava na praia, pegando sol, claro!! Difilmente dou mergulhos! Deitada, toda besuntada de bronzeador, com os fones ouvindo música e, aí mesmo tempo, lendo um livro. Adoro treinar meus sentidos, todos ao mesmo tempo!! Sabe como é né, você se cansa e muda de posição, se vira e deita de bruços, de barriga para cima e até se entorta.
De repente olhando pro lado vejo um rapaz, com chapéu, sentado sobre uma toalha. Hum pensei logo: gringo! Quem em seu momento brasileiro leva toalha para a praia? Eu é que não né!
O rapaz estava lendo algo da Zibia Gasparetto. Interessante, as pessoas lêem na praia. Continuei a minha leitura, cansei dos fones de ouvido. Fui me re-virar e deitar de costas quando me vi quase que travada e engatada... Em mim mesma! Gente, que isso! Logo eu pilateira, perdendo para uma distração e permanecendo muito tempo em uma posição só! Comecei a rir e a me xingar e a rir!! O rapaz coitado não entedia nada, perguntou se tava tudo bem e não entendia direito o que eu falava!
Lá vamos nós, Kadja, para mais uma série de vergonha! E vou te contar, com muito custo desvirei e sentei.
O dito cujo se aproveitou, digo se aprochegou e começamos uma conversa muito aprazível, que há tempos eu não tinha. Moço inteligente, escolhia as palavras certas, respeitoso, comedido.
Após algumas centenas de minutos conversando decidimos "partir" e ir comer algo. Acho que esse foi o erro, ou o acerto...
Não sei bem quando mas ele começou a falar da mãe, da família, de como era um pouco, só um pouco, magoado com a sua genitora, que tentava entender muitas coisas mas que era difícil! Passei a ficar reflexiva e a pensar que talvez fosse a hora de sair!!! Você percebe que está entediada quando começa a dar respostas monossilábicas, sendo que você fala mais que o "homem da cobra", como se diz lá no Recife.
Sentamos e eu comi uma pizza. Ele ficou falando, narrando sua trajetória, dizendo que até na faculdade foi vítima de um quase bulling porque escolhia as mais certas e diferentes, talvez eruditas, palavras para tudo. Até numa conversa informal como aquele naquele momento (observação minha).
Em certo momento disse que eu havia mudado, que ele estava falando muito mas que se sentiu confortável para falar daquele jeito comigo, e olha que estudei turismo, não psicologia.
Achei tudo muito interessante. Nem duas horas de conversa e a mulher da relação já havia mudado, estava monossilábica e tentava escapar urgente dali.
Foi difícil mudar minha cara de espanto, mas tentei sorrir e mandei aquele velho papo de estar cansada e as vezes até as lentes de contato já me serviram de salva vidas!
Ah vou te falar, tem cada uma! Sai correndo da lanchonete, me despedi e o carinha ainda continuava a falar. O que, qual era o nome dele?!? Essa vou dever, to ficando velha e to ficando desmemoriada!
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