Genova, 11.11.2009
Bem, desde a última vez que escrevi passou se muito tempo, muita água rolou por de baixo dessa ponte magrela aqui. Agora vos escrevo de um navio, um cruzeiro que está em Malta e parte final do mês pra sua temporada no Brasil.
Bem, acho que muita gente sabia que eu fui pro Rio pra justamente me candidatar a uma vaga e trabalhar em um navio. Bem, aqui estou e muito bem obrigada.
Depois de ter saído do Banana, fiquei procurando emprego mas não encontrei nada interessante. Bem, interessante ate que tinha: ser recepcionista numa ‘terma’
Bem, depois de um longo processo de seleção e uma espera angustiante, testes e mais cursos, peguei o avião no Galeão pra Genova- Itália. Estávamos juntos Pedro, Marcelo e eu (era pra ir uma outra garota mas ela não pode embarcar por motivos de saúde- buracos no pulmão).
A viagem foi cansativa, mas foi bem legal, comemos muito, horrores! Acho que nunca comi tanto num vôo! Até aqui, mil maravilhas, fotos e friozinho de 4 graus em Paris.
Quando chegamos no navio, passamos pela segurança (que hoje sei que foi o Lavi que nos revistou), e quando fui chamada pra entregar a documentação eu não tinha a declaração do STCW. Putz, eu já tinha pensado nisso no avião, mas não liguei muito porque a Infinity (empresa que me terceirizou) disse que eles iam entregar o certificado pra MSC.
Quando cheguei e entreguei a papelada toda pra Manuela (acho que a italiana mais bonita do navio), e falei que a declaração do STCW não tava comigo, nossa! A cara dela me assustou e eu fiquei branca. Gente, foi um corre corre, pois ela ligou num sei pra quem e disseram que eu poderia fazer igual a uma outra menina que tinha ligado no Brasil e haviam mandado por email, escaneado, o documento. Saí que nem uma louca, peguei 20 euros emprestado com o Pedro, deixei minhas malas com os meninos e saí.
Primeiro desespero: to na Itália e não falo italiano, mas arranho! Aí primeiro passo, saí correndo do porto e procurar um telefone, mas pra ligar precisa se de cartão. Achei vários telefones, no saguão do porto mesmo. Comprei um cartão de 5 euros.
Segunda amarração: como liga? Eu estava tão desesperada que nem conseguia ler o cartão e imaginem ligar. Voltei na loja umas 3 vezes e a italiana meio marrentinha viu meu desespero e resolveu me ajudar. Saiu da loja e me ensinou a ligar.
Liguei primeiro pra Rioship. Informei a situação e o senhor que me atendeu disse que ia me ajudar, mas pra meu desespero ele completou com um comentário que ele poderia ter guardado pra ele mesmo: disse que por infortúnio, hoje a internet não estava funcionando! Nossa! só faltei roer as unhas. Liguei pro Victor na Infinity e passei a bola! Todos iam me ajudar, eu só precisava esperar o email.
Saí desesperada atrás de uma internet, pergunta daqui, pergunta dali, sinistra, destra, internet point e pá, achei um! Na net eu não sabia se lia meus emails, se respondia a galera, se falava com o Amit, se segurava meu choro ou se xingava minha irmã por ter maldito essa viagem, pelo menos o início dela! Liguei pro Victor, ele disse que já havia mandado e falou pra eu checar na lixeira, bingo! Tava lá. Imprimi, saí correndo, cheguei no navio, despachei tudo pra Manuela e ganhei minha cabine! Nossa, nem acreditei! Parecia um sonho! Os meninos disseram que eu fiquei tão nervosa que eu tremia! Não era pra menos né gente!
Civitta Vechia, 13.11.2009 - ANIVERSÁRIO
Dia de niver. Saímos na noite de quinta feira
Trabalhei no dia do meu aniversário, e nem pensei que estava ficando mais velha, com mais rugas e com mais cabelos brancos. Na verdade, os cabelos brancos eu percebi ontem (19.11), e acho que já estão muito saidinhos pro meu gosto!
O dia foi tranqüilo. Passou rápido, ganhei parabéns da galera e a noite, depois do meu turno, houve uma festa na disco do Orchestra, que era só pra crew. Adoro! Estávamos indo de Genoa pra Malta, então estávamos em alto mar. Quer festa mais emocionante que esta!
Bem, sei que bebi, não muito, mas me rasguei de tanto dançar sobre meus sapatos vermelhos altos. E sem falar que eu tava secando o segurança israelense alto e moreno, o qual descobri o nome dele depois, quando ele tava revistando os corredores e dei de cara com ele aqui no canto da minha “rua”. Conversamos, ele me deu cadeira pra sentar na gangway e depois vim dormir, morta de arrasada, pois queria ter agarrado ele!
Se não fosse o Marcelo apagar as fotos da minha máquina sem querer, eu teria alguma lembrança desse dia!
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